quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Estudo Geral dos Sistemas

Um sistema é um conjunto de fenômenos ou objetos que se inter-relacionam, ou seja, tem uma interação entre si, gerando um todo.

Existem 2 distinções de sistemas, o sistema aberto e o fechado. O sistema fechado é aquele que não interage com seu ambiente, existe para si, como a mente e o pensamento humano, que se não for expelido de alguma forma comunicativa, ele se torna fechado, e vai morrer junto do corpo, sozinho e sem interação com o ambiente. O sistema aberto que é a mais comum entre os sistemas, e o mais abordado neste texto, é aquele que age no ambiente a partir de matéria e energia recebida, modificando-o e gerando nova matéria e energia para o meio como resposta.

Vendo de uma forma simplificada, podemos ver que um sistema consiste em 4 partes, os objetos, que podem ser físicos ou abstratos dependendo do sistema, os atributos, qualidades do sistema e seus objetos, as relações entre os objetos, qual define o fenômeno como um sistema, podendo ou não ter interdepência, e por final, o meio ambiente, que é o que circunda o sistema (objetos e fenômenos), alterando sua resposta.

Os pesquisadores da área definiram algumas qualidades de um sistema, que podem ou não atuar juntos e não se excluem mutuamente.
A totalidade, um todo único envolvendo os objetos e os fenômenos do sistema, resultando em algo único diferente da soma de ambos, tendo como oposto a somatividade, qual separa os objetos e fenômenos e os soma como se fossem estáticos.
A interdependência, que faz dos objetos do sistemas dependerem dos outros, se relacionando devidamente.
A Coibição, quando dois objetos estão ligados (coibido) por sua interdependência, dando um resultado único.
Os graus de liberdade, que definem aos objetos o quão estão relacionados aos outros objetos, o suficiente para definir sua liberdade de atuação quanto á sua demanda dos outros objetos.
A hierarquia, uma simplificação do sistema a partir de pequenos grupos e subgrupos que o definem como um todo.
Auto regulação e controle, sistema que abrange em si uma organização que tem um propósito a ser alcançado.
O intercâmbio com o meio ambiente, que é definido pelas relações com o meio ambiente gerando respostas que virão a mudar a forma de relação novamente com o meio ambiente.
Equilíbrio, que, relacionado com a hierarquia, serve para evitar a entropia, caos interno e fim, no caso do sistema fechado, e corrige tendências dos sistema que o levam á morte.
Mudança e adaptabilidade, que é definido pela adaptação que o sistema há de passar para acompanhar o meio ambiente e seus modos de mutação.
A equifinalidade, várias formas de se obter o mesmo resultado, ou a meta final, á partir de adaptações que o sistema passa.

A Teoria Geral dos Sistemas foi criada por um pesquisador da área biológica, Ludwig van Bertalanffy, porém visa ser aplicada á muitos outros fenômenos em diferentes disciplinas.

Depois de muitas controversas e reestruturações, nasce em 1954 a Society for General Systems Research, que visa aprofundar o estudo dessa nova área.

Como item primário do campo de pesquisa da TGS, ela faz com que toda a informação obtida através de vários meios, e de várias áreas de estudo, se juntem organizadamente, o suficiente para a clareza na compreensão dessa informação fragmentada como um todo, ou em outras palavras, a prática de isomorfismo, que é a semelhança estrutural entre dois modelos ou objetos observados.

Podemos notar a abrangência da linha de pesquisa quando Bertalanffy cita que a Sociedade do Saber está se dividindo em subgrupos que não se relacionam mais, mesmo que sirvam para o mesmo propósito, e que a crise da ciência é dada a partir da falta de comunicação entre os cientistas como um todo, ou seja, sem um sistema organizacional que junte todas as áreas de atuação fazendo-a um todo cientifico, uma única linguagem, uma comunicação simples entre todos.

Como a Teoria Geral dos Sistemas era um campo de pesquisa que visava uma totalidade do conhecimento (macro), não era de se surpreender que outros pesquisadores estivessem no mesmo campo de pesquisa, podemos citar a cibernética, que também tem uma linha de pensamento muito próxima por visar o macro, e coexiste quase que mutuamente á TGS.

Sistemas Interativos Digitais

O computador tem ao longo dos anos deixado de ser um instrumento de trabalho exclusivo dos especialistas de Informática e tem tornado-se em ferramenta de apoio a diversos profissionais nas mais variadas atividades de trabalho. A variedade de perfis de usuários e tarefas impõe desafios para o projeto de sistemas computacionais e, mais especificamente, para os sistemas interativos. Melhorar a usabilidade de sistemas interativos é uma das principais metas dos projetistas de interface de usuário. A usabilidade de um sistema é determinada pela facilidade de aprendizado e uso deste. Contudo, alcançar esta meta não é tarefa fácil.

Conceito de Feedback

Feedback é o processo de fornecer dados a uma pessoa ou grupo ajudando-o a melhorar seu desempenho no sentido de atingir seus objetivos.

Para que haja êxito na comunicação do feedback as barreiras devem ser rompidas e estabelecida uma relação de confiança e segurança.

O feedback pode ser de dois tipos:

aberto - são as respostas obtidas através de algum teste ou questionário, pode trazer informações erradas ou manipuladas, já o feedback fechado - é obtido através da observação do usuário, através de suas ações e movimentos, dificilmente traz informações erradas.

Cibernética

Cibernética (do grego Κυβερνήτης significando condutor, governador, piloto) é uma tentativa de compreender a comunicação e o controle de máquinas, seres vivos e grupos sociais através de analogias com as máquinas cibernéticas (homeostatos, servomecanismos, etc.).

Estas analogias tornam-se possíveis, na Cibernética, por esta estudar o tratamento da informação no interior destes processos como codificação e descodificação, retroação ou realimentação (feedback), aprendizagem, etc. Segundo Wiener (1968), do ponto de vista da transmissão da informação, a distinção entre máquinas e seres vivos, humanos ou não, é mera questão de semântica.

O estudo destes autômatos trouxe inferências para diversos campos da ciência. A introdução da idéia de retroação por Norbert Wiener rompe com a causalidade linear e aponta para a idéia de círculo causal onde A age sobre B que em retorno age sobre A.

Tal mecanismo é denominado regulação e permite a autonomia de um sistema (seja um organismo, uma máquina, um grupo social). Será sobre essa base que Wiener discutirá a noção de aprendizagem.
É comum a confusão entre cibernética e robótica, em parte devido ao termo ciborgue (termo que pretendia significar CYBernetic ORGanism = Cyborg).

A cibernética foi estudada em diversos países tanto para o planejamento de suas economias como para o desenvolvimentos de maquinarias bélicas e industriais, como foram os casos da antiga URSS (onde se preocuparam com a gestão e controle da economia soviética propondo as perguntas: Quem produz? Quanto produz? Para quem produz?), da França, dos EUA e do Chile (GEROVITCH, 2003; MEDINA, 2006).

Pierre Lévy - Enfrentando a Roda Viva no Brasil

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Pierre Lévy - Inteligência Coletiva

Inteligência coletiva é um conceito surgido sobre as tecnologias da inteligência, caracterizado por um novo tipo de pensamento sustentado por conexões sociais que são viáveis através da utilização das redes abertas de computação da Internet. A disseminação de conteúdos enciclopédicos sobre plataformas Wiki, é um exemplo da manifestação desse tipo de inteligência, na medida em que permite a edição coletiva de verbetes e sua hipervinculação (links hipertextuais).

São também características da inteligência coletiva o uso da interatividade, das comunidades virtuais, dos fóruns, dos weblogs e wikis para construir e disseminar os saberes globais, baseados no acesso à informação democratizada e sua constante atualização. Assim as produções intelectuais não seriam apenas exclusivas de uma pessoa, país ou classe social isolada, mas dos crescentes coletivos que têm acesso à Internet.

"Inteligência Coletiva é uma inteligência distribuída por toda parte, incessantemente valorizada,
coordenada em tempo real, que resulta em uma mobilização efetiva das competências. Sua base e mobilização efetiva das competências. Sua base e objetivo são o reconhecimento e o enriquecimento mútuos das pessoas."
[Trabalho acadêmico - Turma 3º semestre de design de interfaces]

Pierre Lévy - Ciberespaço

O termo ciberespaço foi cunhado em 1984 , por William Gibson, um escritor canadense, que usou o termo em seu livro de ficção científica, Neuromancer. Este livro se trata de uma realidade que se constitui através da produção de um conjunto de tecnologias, enraizadas na sociedade , e que acaba por modificar estruturas e princípios desta e dos indivíduos que nela estão inseridos.

De acordo com Lévy, o ciberespaço é “o espaço de comunicação aberto pela interconexão mundial dos computadores e das memórias dos computadores”, e então se abre o campo de pesquisa com Lévy entre outros pesquisadores.

Já há algum tempo, discute-se a maneira como o surgimento da web contribuiu para a abolição de fronteiras, a relativização de distancias e a dinamização da comunicação. Porém, como um fenômeno de massa, a consolidação da existência do ciberespaço acabou por impulsionar inúmeras transformações também em outras áreas sociais, como a cultura, com o surgimento e o desenvolvimento da cibercultura, na economia, com o surgimento de mercados que negociam produtos exclusivamente virtuais, dentre outros.

O acelerado desenvolvimento da tecnologia digital provoca significativas mudanças nos modos de percepção, pensamento e ação no mundo a que denominamos real, além das modificações nas esferas social, política e econômica da vida mundial.

O espaço e o tempo são os aspectos que adquirem maior importância na discussão acerca da influência das novas tecnologias digitais de comunicação nas formas da percepção humana. No ciberespaço, há uma maior distorção da percepção do espaço e do tempo. Maior porque este evento já havia sido inaugurado por outras formas de comunicação, como o cinema.

Os limites entre o real e o imaginário, entre o próximo e o distante, tornam-se cada vez menos perceptíveis com esse novo mundo de possibilidades que se chama ciberespaço.

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Pierre Lévy - Virtual

Pierre Lévy define virtual como:
  • Algo que é apenas potencial ainda não realizado. Virtual referir-se-ia a uma categoria tão verdadeira como a real. O virtual não seria oposto ao real. O virtual pode ser oposto ao atual, porque o virtual carrega uma potência de ser, enquanto o atual já é (ser).
  • Algo que não é físico, apenas conceitual.
  • Algo que não é concreto. Virtual é tudo aquilo que não é palpável, geralmente alguma abstração de algo real.
  • A simulação de algo, como em Realidade Virtual, Memória virtual, Disco virtual.
E em seus livros sobre a discussão de totalidades, ele também cita:

"o virtual não se opõe ao real, mas sim ao atual. Contrariamente ao possível, estático e já constituído, o virtual é como o complexo problemático, o nó de tendências ou de forças que acompanha uma situação, um acontecimento, um objecto ou uma entidade qualquer, e que chama um processo de resolução: a atualização."

"A virtualização pode ser definida como o movimento inverso da atualização. Consiste em uma passagem do atual ao virtual, em uma 'elevação à potência' da entidade considerada. A virtualização não é uma desrealização (a transformação de uma realidade num conjunto de possíveis), mas uma mutação de identidade, um deslocamento do centro de gravidade ontológico do objecto considerado: em vez de se definir principalmente por sua actualidade ('uma solução'), a entidade passa a encontrar sua consistência essencial num corpo problemático"

Para Lévy, o virtual é mediado ou potencializado pela tecnologia; produto da externalização de construções mentais em espaços de interação cibernéticos.

Pierre Lévy - Focos Teóricos

Universalização
Conceito que aparece com a criação da escrita, sua principal característica é o rompimento com o tempo e espaço, ou seja, as informações não estavam mais limitadas ao meio oral. Agora a escrita fixa a mensagem no papel e esta não fica presa nem a questões geográficas ou temporais, podendo chegar a qualquer lugar do planeta, universalizando a mensagem. Antes do surgimento da escrita, a forma de comunicação era oral, ou seja, o emissor e o receptor estavam inseridos no mesmo ambiente havia uma interação entre as partes. Consequentemente as informações e o conhecimento necessitavam estar em um círculo oral, para não cair no esquecimento. Com a criação deste novo meio, surge uma nova forma de comunicação, com ela não há a necessidade do emissor e do receptor encontrarem-se no mesmo espaço físico ou temporal.

Totalização
A escrita possibilitou com que a interação que havia no meio oral deixasse de existir, com isso em um texto escrito há uma totalização, ou seja, somente o emissor e que fala, segundo o seu entendimento sem a possibilidade de interação do seu receptor. Da mesma forma, os meios de comunicação de massa seguem este regime totalitário, onde não existe espaço para uma interação e há uma forma linear e pré-determinada de raciocínio. Com a Internet, a universalização continua, todavia, por outro lado, a totalização some, pois neste meio a interatividade é contínua, ou seja, não há mais um saber autoritário, monolítico e centralizado.

Virtual/Atual
O conceito de virtual é amplamente pensado como desprovido de realidade. Lévy nos mostra que essa visão é errônea já que o virtual é real e não se opõe ao mesmo, ainda que não esteja nas categorias de tempo e espaço (é desterritorializado e atemporal). Podemos pensar Virtual como uma problemática sem forma definida e o atual como a resposta a essa problemática. O exemplo dado pelo próprio Lévy é que "o problema da semente..." "é fazer brotar uma árvore". A semente é um problema mesmo que não seja somente isso. Isto significa que ela "conhece" exatamente a forma da árvore que expandirá sua folhagem acima dela."(O que é o virtual,1998). Um exemplo prático da falta de território e tempo da virtualidade pode ser dado por uma conversa por telefone ou por MSN. Qual é o lugar onde acontecem essas conversas? Digamos que as duas pessoas que se comunicam estejam em pontos opostos do globo, qual seria a hora? A resposta é em qualquer lugar e a qualquer tempo. Assim como ocorre com o acesso a qualquer arquivo da Internet, você pode ler este texto em qualquer lugar e a qualquer tempo.

Pierre Lévy


Pierre Lévy nasceu numa família judaica. Fez mestrado em História da Ciência e doutorado em Sociologia e Ciência da Informação e da Comunicação, na Universidade de Sorbonne, França. Trabalha desde 2002 como titular da cadeira de pesquisa em inteligência coletiva na Universidade de Ottawa, Canadá. É membro da Sociedade Real do Canadá (Academia Canadense de Ciências e Humanidades).

De acordo com Levy, antes da popularização da internet o espaço público de comunicação era controlado através de intermediários institucionais que preenchiam uma função de filtragem entre os autores e consumidores de informação. Hoje, com a internet quase todo mundo pode publicar um texto sem passar por uma editora nem pela redação de um jornal. No entanto, essa liberdade de publicações que a internet oferece, acarreta no problema da da falta de garantia quanto a qualidade da informação. A cada minuto, novas pessoas assinam a Internet, novos computadores se interconectam, novas informações são injetadas na rede. Quanto mais o ciberespaço se estende, mais universal se torna. Novas maneiras de pensar e de conviver estão sendo elaboradas no mundo das telecomunicações e da informática.

Segundo o filósofo, “as redes de computadores carregam uma grande quantidade de tecnologias intelectuais que aumentam e modificam a maioria das nossas capacidades cognitivas”, ou seja, o computador é um instrumento de troca, de produção e de estocagem de informações, tornando-se desta forma, um instrumento de colaboração. A televisão, ao contrário, para Lévy, é um meio de comunicação passivo, pois não proporciona ao receptor nem troca de informação, nem interatividade, pois ao assistir uma programação na TV, o receptor apenas absorve as informações, mas não consegue interagir com o emissor.

Lévy afirma ainda que “a comunicação interativa e coletiva é a principal atração do ciberespaço”. Isso ocorre porque a Internet é um instrumento de desenvolvimento social. Ela possibilita a partilha da memória, da percepção, da imaginação. Isso resulta na aprendizagem coletiva e na troca de conhecimentos entre os grupos.

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Semiótica - Tipos de signo

O ícone
Mantém uma relação de proximidade sensorial ou emotiva entre o signo, representação do objeto, e o objeto dinâmico em si - exemplo: pintura, fotografia, o desenho de um boneco. É importante falar que um ícone não só pode exercer esta função como é o caso do desenho de um boneco de homem e mulher que ficam anexados à porta do banheiro indicando se é masculino ou feminino, a priori é ícone, mas também é simbolo, pois ao olhar para ele reconhecemos que ali há um banheiro e que é do gênero que o boneco representa, isto porque foi convencionado que assim seria, então ele é ícone e símbolo;

O índice
Parte representada de um todo anteriormente adquirido pela experiência subjetiva ou pela herança cultural - exemplo: onde há fumaça, logo há fogo. Quer isso dizer que através de um indício (causa) tiramos conclusões. Ainda sobre o que nos diz este autor, é importante referir que «um signo, ou representamen, é qualquer coisa que está em vez de (stands for) outra coisa, «em determinado aspecto ou a qualquer título», (e que é considerado «representante» ou representação da coisa, do objecto - a matéria física) e, por último, o «interpretante» - a interpretação do objecto. Por exemplo, se estivéssemos a falar de "cadeira", o representante seria o conceito que temos de cadeira.

O símbolo
De forma arbitrária estabelece uma relação convencionada entre o signo e o objecto - exemplo: o termo cadeira.

Semiótica - Classificação dos fenômenos

Primeiridade - a qualidade da consciência imediata é uma impressão (sentimento), invisível, não analisável, frágil. Tudo que está imediatamente presente à consciência de alguém é tudo aquilo que está na sua mente no instante presente. O sentimento como qualidade é, portanto, aquilo que dá sabor, tom, matiz à nossa consciência imediata, aquilo que se oculta ao nosso pensamento. A qualidade da consciência, na sua imediaticidade, é tão tenra que mal podemos tocá-la sem estragá-la. Nessa medida, o primeiro (primeiridade) é presente e imediato, ele é inicialmente, original, espontâneo e livre, ele precede toda síntese e toda diferenciação. Primeiridade é a compreensão superficial de um texto (leia-se texto não ao pé da letra; ex: uma foto pode ser lida, mas não é um texto propriamente dito).

Segundidade - a arena da existência cotidiana, estamos continuamente esbarrando em fatos que nos são externos, tropeçando em obstáculos, coisas reais, factivas que não cedem ao sabor de nossas fantasias. O simples fato de estarmos vivos, existindo, significa, a todo momento, que estamos reagindo em relação ao mundo. Existir é sentir a ação de fatos externos resistindo a nossa vontade. Existir é estar numa relação, tomar um lugar na infinita miríade das determinações do universo, resistir e reagir, ocupar um tempo e espaço particulares. Onde quer que haja um fenômeno, há uma qualidade, isto é, sua primeiridade. Mas a qualidade é apenas uma parte do fenômeno, visto que, para existir, a qualidade tem que estar encarnada numa matéria. O fato de existir (segundidade) está nessa corporificação material. Assim sendo, Segundidade é quando o sujeito lê com compreensão e profundidade de seu conteúdo. Como exemplo: "o homem comeu banana", e na cabeça do sujeito, ele compreende que o homem comeu a banana e possivelmente visualiza os dois elementos e a ação da frase.

Terceiridade - primeiridade é a categoria que da à experiência sua qualidade distintiva, seu frescor, originalidade irrepetivel e liberdade. Segundidade é aquilo que da a experiência seu caráter factual, de luta e confronto. Finalmente, Terceiridade corresponde à camada de inteligibilidade, ou pensamento em signos, através da qual representamos e interpretamos o mundo. Por exemplo: o azul, simples e positivo azul, é o primeiro. O céu, como lugar e tempo, aqui e agora, onde se encarna o azul é um segundo. A síntese intelectual, e laboração cognitiva – o azul no céu, ou o azul do céu -, é um terceiro. A terceiridade, vai além deste espectro de estrutura verbal da oração. Ou seja, o indivíduo conecta à frase a sua experiência de vida, fornece à oração, um contexto pessoal. Pois "o homem comeu a banana" pode ser ligado à imagem de um macaco no zoológico; à cantora Carmem Miranda; ao filme King Kong; enfim, a uma série de elementos extra-textuais.

Semiótica

A semiótica é a ciência dos signos e dos processos significativos (semiose) na natureza e na cultura
[Lucia Santaella - "O que é semiótica"]

Semiótica - Breve histórico [Vídeo]


[Trabalho apresentado na pós em Comunicação, Publicidade e Negócios - IV, CESUMAR, 2008.]

Charles Sanders Peirce


Nasceu no ano de 1839 em Cambridge (Estado Americano de Massachussets) no dia 10 de setembro, vindo a falecer em 19 de abril de 1914 em Milford (Pensilvânia). Filho de Benjamin Peirce, um famoso matemático, físico e astrônomo, Charles Peirce sofre influências deste e forma-se na Universidade de Harvard em física e matemática (1859), conquistando algum tempo mais tarde o diploma de químico na Lawrence Scientific School. Alcançou um posto de físico em um órgão federal, chegando a trabalhar também em um observatório astronômico em Harvard. Paralelamente a isto, estudava filosofia.

Trouxe importantes contribuições para o pensamento referente à lógica simbólica, metodologia científica e semiótica. É considerado o criador do Pragmatismo, uma das correntes mais importantes surgidas na América do Norte. Explicita o princípio pragmático, como sendo a forma através da qual o significado de algo é dado pelo conjunto de disposições para agir que tal coisa produz. Este significado só pode ser dado na relação com o homem, pois advém da experiência em relação ao mundo de ação humana.

O conhecimento, para ele, é fruto de uma pesquisa que tem como ponto de partida a dúvida. Esta última pode ser vivida como um momento de conflito, que possibilita ao final o estabelecimento de crenças, de hábitos de ação. Conhecer é descobrir o hábito do outro, ou seja, a sua conduta regular, para que a partir daí o homem possa planejar a própria conduta diante de algo. Mesmo assim, há sempre um momento em que a dúvida ressurge e com ela faz-se necessária a busca de novas crenças.

Sendo assim, o que se tem a impressão de o conhecer nunca está de fato acabado, e por isso Peirce considera que tudo o que sabemos, sabemos sobre aquilo que ainda não aconteceu. Temos uma forma de saber preditiva, ou seja, que nos permite apenas prever o desenrolar de algo, baseado na sua regularidade de manifestação, mas a verdade de algo está no seu futuro, no seu devir. Concluí que o método científico é o único capaz de formular hipóteses e as submeter às verificações, com bases nas suas consequências.

Identifica na ciência três diferentes modos de raciocínio:
- A indução, que considera um argumento generalizado, o que possibilita a formação de hábitos;
- A dedução que considera um argumento necessário, ou seja, um raciocínio que não pode partir de premissas verdadeiras chegando a resultados falsos;
- A abdução. Abduzir significa levantar hipóteses. Esta possibilita o surgimento de uma teoria de onde é possível deduzir consequências observáveis. É um momento genético, originário, onde nasce a representação. Abdução é o princípio da descoberta, da possibilidade de decifração do mundo.

Compreende a ciência enquanto um processo de desvendar permanente. Acredita que nunca se chega à verdade total, das coisas, a ciência apenas anuncia alguns aspectos destas. Encontra na fenomenologia este aspecto do indeterminado, a disposição de olhar para as coisas da maneira como elas aparecem naquele instante único. Isto permite dizer apenas de algumas facetas de algo, não sendo possível dizê-la como um todo.

Este autor formula sua própria teoria fenomenológica classificando os fenômenos em três categorias:
- Primeiridade , que considera o acaso, a experiência imediata;
- Segundidade , que considera a existência , a reação imediata;
- Tercieridade, que considera a lei , o pensamento mediativo.

Estas categorias são para Peirce o esqueleto através do qual a realidade pode aparecer, e ainda, compõem a lógica que sustenta sua concepção metafísica.

Marshall McLuhan - Aldeia Global

Aldeia global quer dizer simplesmente que o progresso tecnológico estava reduzindo todo o planeta à mesma situação que ocorre em uma aldeia, ou seja, a possibilidade de se intercomunicar diretamente com qualquer pessoa que nela vive.

Como paradigma da aldeia global, McLuhan elegeu a televisão, um meio de comunicação de massa em nível internacional, que começava a ser integrado via satélite. Esqueceu, no entanto, que as formas de comunicação da aldeia são essencialmente bidirecionais e entre dois indivíduos. Somente agora, com o celular e a internet é que o conceito começa a se concretizar.

O princípio que preside a este conceito é o de um mundo interligado, com estreitas relações econômicas, políticas e sociais, fruto da evolução das Tecnologias da Informação e da Comunicação , particularmente da World Wide Web, diminuidoras das distâncias e das incompreensões entre as pessoas e promotor da emergência de uma consciência global interplanetária, pelo menos em teoria.

Essa profunda interligação entre todas as regiões do globo originaria uma poderosa teia de dependências mútuas e, desse modo, promoveria a solidariedade e a luta pelos mesmos ideais, ao nível, por exemplo da ecologia e da economia, em prol do desenvolvimento sustentável da Terra, superfície e habitat desta "aldeia global".

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Marshall McLuhan - Meios quentes e frios

Há um princípio básico pelo qual se pode distinguir um meio quente, como o rádio, de um meio frio, como o telefone, ou um meio quente, como o cinema, de um meio frio, como a televisão(no caso, televisão da época de Mcluhan, Preto e branco pouco saturada). Um meio quente é aquele que prolonga um único de nossos sentidos e em “alta definição”. Alta definição se refere a um estado de alta saturação de dados. Visualmente, uma fotografia se distingue pela “alta definição”. Já uma caricatura ou um desenho animado são de “baixa definição”, pois fornecem pouca informação visual, O telefone é um meio frio, ou de baixa definição, porque ao ouvido é fornecida unia magra quantidade de informação. A fala é um meio frio de baixa definição, porque muito pouco é fornecido e muita coisa deve ser preenchida pelo ouvinte. De outro lado, os meios quentes não deixam muita coisa a ser preenchida ou completada pela audiência. Segue-se naturalmente que um meio quente, como o rádio, e um meio frio, como o telefone, têm efeitos bem diferentes sobre seus usuários.

Um meio frio como os caracteres escritos hieroglíficos ou ideogrâmicos atua de modo muito diferente daquele de um meio quente e explosivo como o do alfabeto fonético. Quando elevado a um alto grau de intensidade visual abstrata, o alfabeto se transforma em tipografia. A palavra impressa, graças à sua intensidade especializada, quebrou os elos das corporações e mosteiros medievais, criando forma, de empresas e de monopólios extremamente individualistas.  O aquecimento do meio da escrita pela intensificação da imprensa repetitiva conduziu ao nacionalismo e às guerras religiosas do século XVI) Os meios pesados e maciços, como a pedra agem como inter-ligadores do tempo. Usados para a escrita, são em verdade bastante frios e servem para unificar as eras e as idades; já o papel é um meio quente, que serve para unificar os espaços horizontalmente, seja nos impérios do entretenimento, seja nos impérios políticos.

Um meio quente permite menos participação do que um frio: uma conferência envolve menos do que um seminário, e um livro menos do que um diálogo. Com a imprensa, muitas formas anteriores foram excluídas da vida e da arte, enquanto outras ganharam uma nova intensidade. Mas o nosso próprio tempo está cheio de exemplos do princípio segundo o qual a forma quente exclui e a forma fria inclui. Quando as bailarinas começaram a dançar nas pontas dos pés, há um século atrás, todos sentiram que a arte do balé havia adquirido uma nova “espiritualidade”. Devido a essa nova intensidade, as figuras masculinas foram excluídas do balé. O papel das mulheres também se tornou fragmentário com o advento da especialização industrial e a explosão das funções caseiras em lavanderias, padarias e hospitais na periferia da comunidade. A intensidade, ou alta definição, produz a fragmentação ou especialização, tanto na vida como no entretenimento; isto explica por que toda experiência intensa deve ser “esquecida”, “censurada” e reduzida a um estado bastante frio antes de ser “aprendida” ou assimilada.

[OS MEIOS DE COMUNICAÇÃO COMO EXTENSÕES DO HOMEM - Marshall McLuhan]

Idéias de Marshall McLuhan [Vídeo]

Marshall McLuhan - O meio é a mensagem

Os meios são extensões dos sentidos e configuram a consciência de cada um de nós.
Numa cultura como a nossa, há muito acostumada a dividir e estilhaçar todas as coisas como meio de controlá-las, não deixa, às vezes, de ser um tanto chocante lembrar que, para efeitos práticos e operacionais, o meio é a mensagem. Isto apenas significa que as conseqüências sociais e pessoais de qualquer meio — ou seja, de qualquer uma das extensões de nós mesmos — constituem o resultado do novo estalão introduzido em nossas vidas por uma nova tecnologia ou extensão de nós mesmos. Assim, com a automação, por exemplo, os novos padrões da associação humana tendem a eliminar empregos, não há dúvida. Trata-se de um resultado negativo. Do lado positivo, a automação cria papéis que as pessoas devem desempenhar, em seu trabalho ou em suas relações com os outros, com aquele profundo sentido de participação que a tecnologia mecânica que a precedeu havia destruído. Muita gente estaria inclinada a dizer que não era a máquina, mas o que se fez com ela, que constitui de fato o seu significado ou mensagem. Em termos da mudança que a máquina introduziu em nossas relações com outros e conosco mesmos, pouco importava que ela produzisse flocos de milho ou Cadillacs. A reestruturação da associação e do trabalho humanos foi moldada pela técnica de fragmentação, que constitui a essência da tecnologia da máquina. O oposto é que constitui a essência da tecnologia da automação. Ela é integral e descentralizadora, em profundidade, assim como
a máquina era fragmentária, centralizadora e superficial na estruturação das relações humanas.

Neste passo, o exemplo da luz elétrica pode mostrar-se esclarecedor. A luz elétrica é informação pura. É algo assim como um meio sem mensagem, a menos que seja usada para explicitar algum anúncio verbal ou algum nome. Este fato, característico de todos os veículos, significa que o “conteúdo” de qualquer meio ou veículo é sempre um outro meio ou veículo. O conteúdo da escrita é a fala, assim como a palavra escrita é o conteúdo da imprensa e a palavra impressa é o conteúdo do telégrafo. Se alguém perguntar, “Qual é o conteúdo da fala?”, necessário se torna dizer: “É um processo de pensamento, real, não-verbal em si mesmo.” Uma pintura abstrata representa uma manifestação direta dos processos do pensamento criativo, tais como poderiam comparecer nos desenhos de um computador. Estamos aqui nos referindo, contudo, às conseqüências psicológicas e sociais dos desenhos e padrões, na medida em que ampliam ou aceleram os processos já existentes. Pois a “mensagem” de qualquer meio ou tecnologia é a mudança de escala, cadência ou padrão que esse meio ou tecnologia introduz nas coisas, humanas. A estrada de ferro não introduziu movimento, transporte, roda ou caminhos na sociedade humana, mas acelerou e ampliou a escala das funções humanas anteriores, criando tipos de cidades, de trabalho e de lazer totalmente novos. Isto se deu independentemente do fato de a ferrovia estar operando numa região tropical ou setentrional, sem nenhuma relação com o frete ou conteúdo do veículo ferroviário. O avião. de outro lado, acelerando o ritmo de transporte, tende a dissolver a forma “ferroviária” da cidade, da política e das associações, independentemente da finalidade para a qual é utilizado.

[OS MEIOS DE COMUNICAÇÃO COMO EXTENSÕES DO HOMEM - Marshall McLuhan]

Marshall McLuhan


Teórico dos meio de comunicação, foi precursor dos estudos midiológicos. Seu foco de interesse não são os efeitos ideológicos dos meios de comunicação sobre as pessoas, mas a interferência deles nas sensações humanas, daí o conceito de "meios de comunicaçao como extensões do homem" (título de uma de suas obras). Em outras palavras, a forma de um meio social tem a ver as novas maneiras de percepção instauradas pelas tecnologias da informação. Os próprios meios são a causa e o motivo das estruturas sociais.

Adquiriu proeminência internacional com idéias que têm estimulado milhares de artistas, intelectuais e jornalistas, em todo o mundo, ao ponto da revista Fortune o nomear como "uma das principais influências intelectuais do nosso tempo". Tamanho reconhecimento deve-se, entre outros fatores, ao pionerismo no estudo das tecnologias e seus impactos na construção da sociedade humana em suas diferentes fases. Famoso também pela inovadora idéia da Aldeia Global.

McLuhan introduz as idéias de meios quentes e meios frios, o meio é a mensagem e aldeia global como metáforas para a sociedade contemporânea, ao ponto de se tornarem parte da nossa linguagem do dia-a-dia. Assuntos que serão tratados a seguir.